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Câmeras filmadoras - desafios para a polícia militar de Mato Grosso

Câmeras filmadoras - desafios para a polícia militar de Mato Grosso

Os esforços adotados pela Polícia Militar de Mato Grosso, por meio de discussões internas e externas sobre a prática operacional de policiais militares são constantes e indicam uma possibilidade de encontrar um ambiente de segurança pública como uma questão transversal e multifacetada. Vale ressaltar que nesta perspectiva o caminho a encontrar está no campo da complexidade, cujo ambiente tecnológico não será suficiente e nem mesmo vinculando a câmera no colete do policial militar irá frear os conflitos humanos.

O processo operacional da polícia militar, não se prende apenas em uma estruturação política de segurança pública, por isso, exige rupturas, mudança de paradigmas, sistematização de ações pontuais combinados a programas consistentes e duradouros judiciais, enraizados, sobretudo, na valorização do ser humano sob todos os aspectos, levando em consideração os contextos sociais de cada cidadão, do cidadão policial militar e do cidadão civil.

Os avanços na discussão tecnológica em utilizar ou não utilizar a câmera acoplada ao colete do policial militar exige estudos teóricos e experimentais pautados em princípios democráticos, de solidariedade e dignidade do ser humano, e não apenas de uma “imposição política governamental”, pois os desafios dessa complexidade precisam ser superados pelo exercício da cidadania com fulcro nos direitos de igualdade e da justiça social.

Assim sendo, antes de qualquer tomada de decisão, deve-se entender se a câmera possui uma sistematização para reduzir conflitos que são essencialmente humanos - a emoção, a raiva, o ressentimento são ferramentas humanos que independem de visualização, de áudio ou de uma estrutura tecnológica. É preciso repensar esse estado de concepção. A prática policial militar está inserida em uma complexidade que não é possível uma câmera para reduzir conflitos, violências ou outros distúrbios. Essa discussão parece fazer parte de um reducionismo extremo ao dar importância a uma peça tecnológica como a “salvadora” de uma percepção política.

Parece-nos ser o mais acertado abrir a discussão no campo relacional entre polícia militar, sociedade, tecnologia e prática policial. A colocação de câmeras no colete ou outra peça da farda, sem os cuidados necessários, mesmo com algumas experiências realizadas no Brasil sobre a questão, ainda é prematura essa iniciativa. Essas ações tecnológicas podem ajudar a esclarecer dúvidas sobre a ação policial militar durante essas interações como também pode produzir um efeito “não policiamento”, isto é, desencorajar os policiais militares de se envolverem em suas práticas e de atendimento as chamadas em geral.

Portanto, neste momento de globalização, de polarização política, de uns contra os outros, do policial militar estigmatizado como violento, não. Não é o momento de o policial militar utilizar as câmeras em seus uniformes. Prudência, segurança e estratégia são fundamentais para tomadas de decisões.

Conselho Administrativo da Assoade